quinta-feira, 22 de julho de 2010

Trabalho de Controle à Hipertensos e Diabéticos.

Até junho de 2007, o trabalho ficou centrado no preenchimento e análise daquelas planilhas, visando ao replanejamento da forma de atendimento, cuja operacionalização foi marcada em princípio para agosto, e na discussão do que seriam os grupos de suporte, que a equipe passou a chamar de “ouvido amigo”.

Nessa ocasião, começamos a discutir com mais abertura as tensões da equipe. Era evidente que atendiam muitos pacientes ao mesmo tempo. Os pacientes eram vistos semanalmente independente dos níveis tensionais que apresentassem. Qualquer elevação da PA era vista como necessidade de encaminhá-los para o pronto-socorro. Por outro lado, os agentes de saúde mostravam-se desinteressados e parecia haver indefinição quanto à liderança do grupo, ora depositada na médica, ora no enfermeiro.

Em agosto de 2007 fez-se uma relação com os pacientes controlados e aqueles com a PA elevada. Passamos a discutir como intercalar o atendimento daqueles pacientes com níveis de PA controlada e que chamamos de “desmame”. Ainda permanecia o sentimento em relação aos agentes de que só participariam se obrigados e da equipe como um todo que, segundo palavras deles, “se reúne, reúne, e não resolve nada”. Minha impressão, naquele momento, era de uma equipe dedicada, mas muito confusa na forma de se organizar, girando muito em torno da médica, que se mostrava cansada e que atribuía toda a dificuldade à falta de apoio do restante da equipe. Mas, no sentimento dos outros, a médica chamava a si toda a responsabilidade e o grupo não sabia como se colocar. Mostravam-se todos, todavia, entusiasmados com a possibilidade de introduzirem as modificações sugeridas por mim, no que tange à formação de grupos menores com a dinâmica do “ouvido amigo”.

No final de outubro, apresentei uma psicóloga, Renata, que se propôs a estagiar, dando apoio na condução dos grupos de suporte. Como o planejamento para implantação das mudanças na organização e dinâmica atual dos grupos não avançava, questionei com a equipe as possíveis razões. As dificuldades de relacionamento e, sobretudo, de definição de papéis tornou-se afinal clara e a equipe pode conversar entre si francamente. O enfermeiro reconheceu que precisava assumir mais suas tarefas. A médica percebeu que não cabia a ela a responsabilidade total e o restante da equipe sentiu-se co-responsável pelas atividades que desempenhavam e os resultados que obtinham. Em minha opinião, a partir deste momento, a equipe que sempre fora empenhada e desenvolvia um bom trabalho, passou a confiar mais em si e a ter possibilidade efetiva de avaliar os pontos de desgaste ou sobrecarga e, objetivamente, corrigi-los.

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